Neste blog, as publicações mais recentes, como é comum, estão à frente das anteriores, o que talvez prejudique o acompanhamento do raciocínio e das informações...
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| Nylza e Oscar - Casamento, 1935 |
04/08/2023
Blog Araújo Ramos - índice
14/10/2022
9. Fazenda [dos] Pinheiros e a perda das origens
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Fazenda Pinheiros – Batuta na entrada Foto: Guina A. Ramos, 09/10/2022 |
Além dos docinhos e do bolo de aniversário, recebeu de sobrinhos um presente diferente: conhecer a fazenda onde nascera sua mãe, nossa avó Hermínia, no atual município de São José do Vale do Rio Preto, a "Fazenda Pinheiros" (ou "dos Pinheiros").
Tia Batuta apenas se recordava do nome (“Pinheiros”) e da localização aproximada (“perto de São José, depois da Fazenda Águas Claras”), mas se lembrava muito bem de toda a história...
Nossa bisavó Guilhermina Werneck Gonçalves, nascida na fazenda Jequitibá, região de Bemposta, se casou, em 1890, com Guilherme Carlos Machado, que já vivia na fazenda Pinheiros, perto de São José [do Vale] do Rio Preto (do outro lado da Serra do Tubarão), que havia sido comprada em 1884 por seu pai, o capitão Luís Vieira Machado (que, supostamente, veio de Minas Gerais).
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| As fazendas da linha materna... |
Este nosso tataravô Luís Vieira Machado manteve a propriedade da fazenda por apenas 12 anos, e a vendeu, em 1896, ao Barão de Águas Claras, dono da fazenda vizinha. A família permaneceu na fazenda, não se sabe o motivo, e ali nasceram os dez filhos do casal. A primeira filha, em 1892, foi justamente nossa avó Hermínia Gonçalves Machado, que ali morou até se casar, em 1912, com nosso avô Miguel Araujo, da fazenda Cataguá, e lá tiveram seus seis filhos (D. Nylza inclusive).
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| Fazenda Pinheiros, entrada e sede (fonte: INEPAC-RJ, 2009) |
Construída em 1865, a Fazenda Pinheiros (ou “dos Pinheiros”) é histórica o bastante para ter bons registros na Internet.
Talvez o melhor seja o site “Inventário das Fazendas
do Vale do Paraíba Fluminense”, criado pelo INEPAC – Instituto Estadual do
Patrimônio Cultural-RJ.
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| Fazenda Pinheiros, sede (INEPAC-RJ, 2009) |
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| Fazenda Pinheiros, hotel (INEPAC-RJ, 2009) |
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| Fazenda Pinheiros, jardim interno (INEPAC-RJ, 2009) |
Informa ainda que “o estado de conservação da sede não era bom” (“praticamente abandonada há uns dez anos, desde que deixou de funcionar como hotel-fazenda”) e que no, mobiliário “malcuidado e decadente”, não existiam mais “peças de época”.
Outra fonte fundamental de informações são os registros e notícias em torno da atual proprietária, Maria Cláudia Ladeira Leite Ferraz, que, em 1957, ganhou a fazenda, do pai, de presente de casamento.
“Maria Cláudia empreendeu uma grande reforma do edifício-sede da fazenda, construiu em torno de 30 novos apartamentos e, durante a década de 1980, transformou a fazenda no Hotel-Fazenda Pinheiros, que chegou a ser considerado o segundo maior do Brasil na hospedagem de estrangeiros. Além de explorar a vocação turística do local, a atual proprietária também dedicou a fazenda à criação de rosas, à fabricação de doces e à criação de frangos, além de ter implementado ali um ateliê de artesanato, com atividades de tapeçaria, entre outras. Há cerca de dez anos atrás, porém, a fazenda deixou de funcionar como hotel. Atualmente, é alugada para eventos religiosos e particulares, sem outra atividade produtiva de significado.”. (INEPAC-RJ, op.cit.)
Em 2020, aos 87 anos, Maria Cláudia contou, em entrevistas à São José News, mídia local (vídeo #1 e vídeo #2), como administrou a fazenda praticamente sozinha, por décadas, criando sucessivas e diversas fontes de renda para sua manutenção. Já aos 89 anos, no início de 2022, se propunha a reativar a produção de tapeçarias.
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Fazenda Pinheiros – madeirame retirado da casa principal Foto: Guina A. Ramos, 09/10/2022 |
Estivemos lá, no domingo 09/10/2022, os sobrinhos Anelize e Guina, com Regina e sua filha Fernanda, levando tia Batuta, e este era seu presente, logo após o aniversário de 99 anos.
Já se sabia, pelas informações do texto acima e pela pouca movimentação das redes sociais da fazenda e da proprietária desde 2017, que a decadência da fazenda avançava...
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Fazenda Pinheiros - estátua de criança com viola Foto: Guina A. Ramos, 09/10/2022 |
Fazia sentido, para um domingo de manhã, que o acesso estivesse liberado... No entanto, no que entramos, após atravessar a ala das palmeiras imperiais, foi impactante encontrar uma destruição tão completa...
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Fazenda Pinheiros - criança com flauta Foto: Guina A. Ramos, 09/10/2022 |
Era evidente de que se tratava de uma ação intencional: a fazenda Pinheiros estava simplesmente sendo desmontada!...
Espantados,
custamos a perceber que a casa principal, com a fachada da sede da
fazenda, já se transformara num amontoado de travas de madeira, cuidadosamente separadas dos escombros.
Fazenda Pinheiros – pátio interno
À frente da parte do prédio que ainda estava de pé, como se fossem mudas testemunhas da demolição, as duas estátuas de crianças, a da flauta e a da viola, peças que antes ladeavam a escada de pedra de acesso à sede.
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| Fazenda Pinheiros – casas de hóspedes Foto: Guina A. Ramos, 09/10/2022 |
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Fazenda Pinheiros – piscina abandonada e gramado Foto: Guina A. Ramos, 09/10/2022 |
À frente da sede, no grande gramado que, evidentemente, correspondia ao pátio de secagem de café de outros tempos, notava-se, e não só pela ausência dos guarda-sóis e das mesas, principalmente pela condição de abandono da piscina, que esta parte da fazenda estava há muito tempo, desde bem antes da demolição, sem qualquer tipo de uso.
Entre todas as perdas que o ambiente sugeria ou
que nos lembrava, o detalhe sentido, um momento de alguma tristeza: o encontro
perdido de Batuta com parte do seu passado.
Fazenda Pinheiros - Tia Batuta e os rescaldos da sede
Felizmente, tia Batuta se manteve tranquila... Na opinião de Anelize, talvez
por não ter chegado a criar uma ligação emocional direta com a
fazenda Pinheiros. Ainda que a Fazenda Pinheiros fizesse parte da história das suas origens (aliás, das
nossas), ela até então simplesmente nem sequer conhecera...
Segundo informações do perfil da fazenda no Facebook, de 02/2021, a fazenda estava sendo loteada, com casas à venda à parte. Comentários locais nos deram conta de que, afinal, a propriedade havia sido comprada por um ilustre morador de São José do Vale do Rio Preto.
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